Sexta-feira, 03 de janeiro de 2025, o primeiro “sextou” do ano. Isso é, se eu estivesse em condição de sextar.
Faltam exatamente duas semanas para eu depositar minha tese de doutorado e estou muito atarantado com essa enorme tarefa. É um desafio muito maior do que eu achei que seria, e talvez meu grande erro tenha sido ter gostado muito de fazer mestrado.
Claro que tive dificuldades no mestrado, mas depois de ter depositado a dissertação, o alívio foi grande. Tanto é que eu apresentei o projeto do doutorado exatamente um dia depois da minha defesa.
Isso era agosto de 2019. Meu projeto foi aprovado e fui bem na entrevista de seleção, então pude me matricular e começar o doutorado no primeiro semestre de 2020.
E, não sei se vocês se recordam, mas vivemos um pequeno problema de dimensão mundial a partir de fevereiro e março daquele ano.
Tive apenas 3 aulas presenciais, depois tudo foi suspenso e convertido em disciplina online. O acesso às bibliotecas foi altamente limitado. E, à época, meu projeto era totalmente voltado à investigação de um arquivo físico em especial (o da Faculdade de Direito da USP). Acessar o meu material de pesquisa ficou inviável.
Com o correr da pandemia, tornou-se impossível manter o mesmo projeto, então fui obrigado a mudar de rota para um outro tipo de documentação (essa é uma história para outra hora), mas, na prática, precisei começar a pesquisa praticamente do zero passado um ano do tempo para seu desenvolvimento.
Mas o mais difícil foi perder toda a forma de convivência durante a período das disciplinas. Não tinha café, não tinha lamentação na biblioteca, não tinha conversinha sobre este ou aquele tema debatido em aula.
As aulas online cumpriram seu papel. Não posso dizer que elas foram ruins, porque não foram. Mas o processo todo que corre fora das salas de aula e que é igualmente importante na formação não existiu.
Como se isso não bastasse, em maio de 2021, o meu gatinho Maizena foi acometido por linfoma e morreu. Em 2022, tive um burnout e acabei me exonerando do cargo de professor, largando uma carreira de praticamente 15 anos. Em fevereiro de 2023, foi a vez do Macarrão, meu outro gato, morrer; ele tinha doença renal.
Para completar, ainda tive covid e peguei dengue.
Hoje, faltando 14 dias para o depósito da tese, estou profundamente apavorado achando que não vai ser possível. Tenho trabalhado insistentemente no texto, nas fontes e nas referências bibliográficas.
Mas o sentimento de que não vai ser suficiente é muito forte.
Então, ao chegar em casa para o primeiro sextou do ano, vou abrir o notebook, dois ou três livros, e tentar escrever mais umas páginas.
(talvez eu abra uma latinha também, mas deixa isso em segredo)
Se você está prestes a sextar, faça um favor pra mim e se divirta! Depois me conte as fofocas que aprontar e as que observar!